Conquistar uma vaga por mérito ainda é justo!

 



"A identidade de gênero
muda a capacidade de
alguém para exercer um cargo público?"


Qualquer cidadão espera do serviço público o mínimo de agilidade, competência, conhecimento e menos burocracia. Quem atua nos diferentes setores de atendimento às demandas da população precisa (e deve) estar qualificado para a função. É para isso que servem os concursos públicos: classificar os melhores para aquela função. E está tudo bem em sabermos que há pessoas com menos condições que outras para exercer determinados cargos. Por isso que estudar, buscar aprimoramento constante é meio caminho para alcançar o que se deseja.

Porto Alegre terá, em breve, uma lei que reserva 1% das vagas em concursos públicos para pessoas transexuais e travestis. A Câmara aprovou, o prefeito não sancionou nem vetou, e a norma entra em vigor. O discurso é conhecido: corrigir desigualdades históricas e incluir uma população que sofre preconceito e exclusão.

Mas vamos ao cerne da questão: a identidade de gênero muda a capacidade de alguém para exercer um cargo público? Imagino a cena: um candidato passa anos estudando, sacrificando lazer, família e até saúde em busca da aprovação. No dia da prova, ele compete com outro candidato que garante vantagem apenas por se declarar trans. Onde está a justiça nisso?

Não se trata de negar a realidade: pessoas trans enfrentam preconceito, assim como tantas outras minorias: negros, indígenas, pobres, mulheres, pessoas com deficiência. Se cada dor social virar justificativa para reserva de vagas, os concursos deixarão de ser espaço de mérito para se tornar uma colcha de retalhos de privilégios.

Universidades públicas já vêm adotando políticas semelhantes desde 2018, e em 2025 as adesões cresceram. Agora, o modelo chega ao serviço público. Mas é preciso refletir: estamos realmente combatendo a desigualdade ou apenas criando uma nova forma de segregação?

A luta contra o preconceito não se vence com cotas, mas com educação, oportunidades iguais, segurança e respeito. O Estado não deve separar, rotular ou favorecer com base em sexualidade ou gênero. Direitos se constroem na igualdade, não em privilégios impostos.

A grande questão é: queremos uma sociedade de cidadãos com as mesmas condições ou uma sociedade de grupos disputando parcelas de poder?


Renee Rodrigues Fontana
Jornalista Olhar Daqui RS
 

 


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