Quase metade dos brasileiros depende de programas sociais: em Tapejara, 670 famílias recebem Bolsa Família

 


Mais de 94 milhões de brasileiros, cerca de 44% da população do país, dependem diretamente de programas sociais do Governo Federal. O número é impressionante: quase a mesma quantidade de habitantes do Egito inteiro. O dado revela a dimensão da rede de assistência no Brasil e expõe um desafio de longo prazo: como reduzir a dependência de benefícios sem deixar de garantir dignidade a milhões de famílias vulneráveis.
O Cadastro Único (CadÚnico), que concentra os dados da população de baixa renda, reúne beneficiários de mais de 40 programas sociais. O principal deles é o Bolsa Família, que sozinho responde por 57% dos atendimentos. Somente essa política pública custa cerca de R$ 500 bilhões por ano, um valor equivalente a meio trilhão de reais, o que corresponde, por exemplo, a quase todo o orçamento anual da Saúde e da Educação somados.

Tapejara no mapa da assistência social

Em setembro de 2025, o município de Tapejara registrou 670 famílias atendidas pelo Bolsa Família, o que representa 7,6% da população local (25.256 habitantes, segundo o IBGE). O investimento mensal destinado à cidade chegou a R$ 417.134, com um benefício médio de R$ 635,88.
A maioria dos atendimentos se concentra nos Benefícios de Renda de Cidadania (1.911 no total), pagos por integrante da família. Há ainda 602 benefícios complementares, concedidos quando a soma dos valores não atinge R$ 600, e 424 benefícios voltados à primeira infância. Não houve registros de pagamentos para gestantes, nutrizes ou adolescentes em setembro.
Além do Bolsa Família, 76 famílias tapejarenses receberam o Auxílio Gás, somando R$ 8.208 no mês.
Outro dado relevante é o número de famílias inscritas no CadÚnico: 3.167 ao todo, sendo que 1.241 declararam renda de até meio salário mínimo. Isso significa que uma parte significativa da população ainda enfrenta vulnerabilidade, mesmo em um município com forte atividade industrial.

O contraste: Brasil depende mais, Tapejara depende menos

Quando se compara Tapejara com a média nacional, percebe-se uma diferença significativa. Enquanto no Brasil quase metade da população está registrada em programas sociais, em Tapejara esse índice é de 7,6%. Um dos fatores explicativos está no perfil econômico do município, marcado pela presença da indústria e do comércio, que absorvem mão de obra e reduzem a dependência da assistência pública.
Em outras palavras, enquanto no país a rede de proteção social é essencial para quase 1 em cada 2 brasileiros, em Tapejara esse número cai para pouco menos de 1 em cada 13 habitantes.

Emprego como chave de inclusão

Apesar da ampla rede de programas, especialistas alertam que a verdadeira saída para reduzir a dependência é o trabalho formal. O próprio Governo Federal destacou que, de janeiro a julho deste ano, foram criados 1,49 milhão de empregos formais, dos quais 77% foram preenchidos por pessoas inscritas no CadÚnico. Isso mostra que a inclusão produtiva é possível e que muitos beneficiários estão aptos a ocupar vagas no mercado de trabalho.
O dado, no entanto, também revela uma contradição: se a maioria dos novos trabalhadores ainda depende de programas sociais, significa que os empregos oferecidos muitas vezes têm baixa remuneração ou instabilidade, dificultando que as famílias rompam o ciclo da vulnerabilidade.

O desafio de Tapejara e do Brasil

Tapejara tem hoje uma realidade mais favorável que a média nacional, mas não está imune ao desafio. Enquanto o município apresenta um mercado de trabalho ativo, ainda possui mais de 3 mil famílias cadastradas no sistema de assistência, das quais mil vivem com renda de até meio salário mínimo por pessoa.
Esse cenário mostra a importância de políticas que incentivem não apenas a criação de empregos, mas também a qualificação profissional. Afinal, quanto mais pessoas conseguem se manter com o fruto do trabalho, menor é a dependência de programas sociais e maior é a capacidade do Estado de investir em áreas estratégicas como saúde, educação e infraestrutura.
Em síntese, os números confirmam: programas sociais são fundamentais para garantir dignidade em momentos de vulnerabilidade, mas o caminho mais sustentável continua sendo a geração de empregos de qualidade. Tapejara já demonstra que é possível reduzir a dependência, mas o desafio nacional ainda é imenso.

*Os dados desta matéria estão disponíveis no Portal da Cidadania do Governo Federal

Texto: Renee Rodrigues Fontana
Foto: Divulgação

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