Geração em desespero

 


E agora? A qual das gerações estou me referindo? Sim, umas estão em desespero e outras podem ser consideradas desesperadoras.

Nascidos nos anos 60, 70 e 80 participaram das mudanças do mundo de uma forma dinâmica e assombrosa. O que eram considerados “valores e princípios” nessas épocas, hoje, ou estão distorcidos ou, no mínimo, precisam de um ponto de interrogação.

Os pais dessas gerações vieram do pós guerra (Baby Boomers), remanescentes da escassez de alimentos, de remédios, de moradia, de acesso à educação e saúde, escassez de afeto, segurança e respeito humano devido às famílias dizimadas em um dos períodos negros da humanidade, além de seus pensamentos e comportamentos serem reprimidos pelos sistemas sociais e políticos de sua época.  Paralelamente a isso surgiam grandes avanços para o ser humano, responsáveis por transformações tecnológicas e digitais, pelos grandes movimentos sociais como a revolução sexual e direitos civis, movimentos econômicos, culturais, políticos, a globalização, a “internetização”, revelando então o que há de magnífico e, consequentemente, o que existe de degradante a moldar o comportamento humano.

Hoje, os nascidos nesses períodos usufruem dessas transformações, mas também, vivem grandes dilemas e dificuldades, pois os pais que repassaram os valores antigos não vivem mais como os idosos de quem os aprenderam.  A qualidade de vida melhorou com a influência das descobertas da ciência e junto com ela a quebra de alguns princípios morais considerados tabus também foram superados, hoje vemos nossas avós como mulheres de 60, 70 e 80 anos livres, belas, em nada recatadas e do lar, que dançam, sonham, em plena atividade sexual, buscando ainda sua felicidade, se divertindo, se exercitando, trabalhando e sendo parte ativa na sociedade, em contraste com as gerações que nasceram a partir dos anos 90 até os dias atuais, onde a ameaça de colapso é iminente em qualquer setor que se comente, como por exemplo nas escolas e universidades,  com  níveis de violência alarmantes, onde em grande parte não existe mais respeito aos professores nem por parte dos pais e muito menos dos alunos, e nem todos os que se dispõem à tal função estão capacitados de senso moral e ético para exercê-la (com total respeito à essa classe que particularmente considero distinta na sociedade).

As grandes conquistas em direitos humanos trouxeram dignidade aos povos, isso é um fato, porém também são alvo de distorções. Peço ao leitor que observe bem e de modo amplo a convicção que tenho de que na atualidade as pessoas perderam suas referências, talvez isso seja devido aos adjetivos que essas traziam consigo, ou então, uma tentativa frustrada de romantizar e amenizar julgamentos. Foi aplicada “guela abaixo” uma ideia confusa e disforme de conceitos e preconceitos construída atrás de uma ganância oculta e tendenciosa onde o gordo não pode mais ser chamado de gordo, o preto não é mais preto, a loira não é mais loira, o nanico não é nanico e o desonesto não é má influência. Para piorar um pouco mais o nível de enganos nos conceitos, o pirralho não pode ser chamado de pirralho porque é  bullying, mas pode sim ser elevado a um status de pequeno adulto que passa a sofrer os nocivos processos dessa “adultização”  o que, por sua vez torna a pedofilia, a violência, a sexualização e a falta de perspectivas coisas comuns, isso somado ao fato de que quem não tem transtorno nessa geração não é considerado “normal”.

Isso é somente o início de uma reflexão e, sejamos inteligentes e não cheguemos a extremos radicais (os tais “mimimis”), entendendo que a maneira como escrevo essas linhas relatam com generalidade tais questões e que, existem sim, graças ao que resta de consciência humana, as maravilhosas exceções que trazem luz ao fim do túnel.

Desejo que este, o primeiro de muitos textos que serão escritos nesse site, tenha uma abordagem de alerta e conscientização, ressalvando que é uma opinião pessoal de quem o escreve, fazendo jus aos objetivos da boa comunicação.

Sucesso à equipe do Olhar Daqui RS, que venha muito mais!

Por Carla Augusta Thomas - psicanalista

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