Justiça nega habeas corpus para professor de Direito suspeito de crimes sexuais no RS



A Justiça gaúcha indeferiu o pedido liminar de habeas corpus para o professor de Direito e advogado Conrado Paulino da Rosa, suspeito de ter cometido crimes sexuais e violência psicológica contra mulheres em Porto Alegre. Ele foi preso temporariamente na manhã de sexta-feira (26).
A decisão é da Desembargadora Naele Ochoa Piazzeta, da 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. A defesa do investigado ingressou com o pedido no mesmo dia em que foi preso.
habeas corpus ainda deve ser julgado pelos demais Desembargadores que integram a Câmara Criminal.

Por se tratarem de crimes sexuais, a Polícia Civil não informa detalhes da investigação, mas diz que a apuração conta com relatos semelhantes e que as possíveis vítimas passarão, também, por perícia psicológica.
São relatos de estupros, agressões durante relações sexuais e violência psicológica. A delegada Fernanda Campos Hablich investiga o caso, e apura também se a posição de poder do professor pode ter gerado medo e vergonha nas mulheres.

Por meio de seu perfil no Instagram, o professor afirmou que "a verdade dos fatos se sobressairá" e que "repudia violência contra a mulher" .
A Justiça do RS já havia determinado medidas cautelares contra ele. As restrições incluíam monitoramento eletrônico por tornozeleira, comparecimento mensal em juízo e proibição de manter contato com vítimas e testemunhas.

Conrado também estava impedido de frequentar instituições de ensino superior, congressos e simpósios. Outras determinações são retenção do passaporte, recolhimento domiciliar entre 20h e 6h e a proibição de deixar a comarca de Porto Alegre.
A OAB/RS (Ordem dos Advogados do Brasil) informa que "decidiu abrir, de ofício, processo ético-disciplinar no Tribunal de Ética e Disciplina para apuração dos fatos e responsabilização".

Sobre a prisão, a advogada das vítimas, Gabriela Souza, disse, em nota, que "as vítimas, que tiveram a coragem de se manifestar, agora podem encontrar um primeiro alívio ao perceber que sua voz foi ouvida e que os atos declarados foram reconhecidos".

Demissão

Conrado Paulino da Rosa trabalhava na Fundação Escola Superior do Ministério Público (FMP) de Porto Alegre, de onde foi demitido na quinta-feira (18). A instituição não informa o motivo da demissão, mas a decisão foi tomada após o início da investigação da polícia.
Ele lecionava para alunos de graduação e mestrado em direito na FMP, onde também coordenava a pós-graduação em Direito de família e sucessão. Além disso, foi presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Seção RS (IBDFAM-RS). Em sua biografia, diz ser autor de 18 obras sobre o assunto.

Por meio de nota, a FMP disse que "o desligamento foi definido em caráter administrativo", "sem juízo antecipado sobre eventuais responsabilidades relacionadas a fatos externos à instituição".

Os relatos das vítimas

"Estuprada pela pessoa que eu mais confiava", diz uma das vítimas.
Uma das vítimas conta que os dois tinham uma relação próxima, até que ele começou a ter "comportamentos sexualizados" e a fazer "comentários inadequados". Ela relata que teria sofrido um estupro após ir a uma festa com o advogado.
Ele teria comprado uma bebida alcoólica e dado para ela, que passou mal em seguida. A partir desse momento, ela conta não lembrar mais do que aconteceu. No dia seguinte, afirma ter acordado ferida, ao lado dele. Ela estava ensanguentada e precisou ser hospitalizada, disse.
"Estuprada pela pessoa que eu mais confiava, admirava e tinha certeza de que eu estaria protegida. Eu achei que isso jamais iria acontecer, que eu seria vítima de algo tão grave. Com alguém da minha confiança, do meu respeito, do meu carinho", diz.
"Eu era maravilhosa no início, depois não servia mais para nada", declara.

Outra mulher conta que namorou com ele e que, no início, o relacionamento era um sonho, mas, "do nada", o comportamento dele mudou "da água pro vinho, do sonho para o inferno".
"Em situações de frustração, de desagrado, (ele tinha) um olhar estranho, de ameaça, de (por) medo", relata.
Ela diz que acreditava que os dois tinham uma admiração recíproca um pelo outro, mas que episódios em que ela se destacava levavam ao comportamento aparentemente contrário ao que ele costumava ter com ela no começo do relacionamento: em que ele era "um príncipe, talvez o homem que eu tenha sonhado para minha vida. Educado, gentil, inteligente, amoroso. Me colocava em pedestal".

O estupro teria acontecido quando os dois se relacionavam sexualmente, afirma a mulher.
"Eu fiquei machucada, com roxos pelo corpo. Eu fui sufocada. Me assustei. Fiquei sem ar. E a violência continuou. Violência física. Eu levei um tapa muito forte no rosto. Quando eu me olhei no espelho no outro dia, estava toda machucada", relembra.

Fonte e foto: GZH

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem

Formulário de contato