Quatro meses após ataque, escola de Estação retoma rotina com reforço na segurança



Quatro meses após o ataque que abalou o município de Estação, no norte do Rio Grande do Sul, a comunidade começa a retomar a normalidade. O episódio, que deixou um estudante morto e três pessoas feridas, transformou para sempre a rotina dos cerca de cinco mil moradores da cidade e especialmente da Escola Estadual Maria Nascimento Giacomazzi, onde ocorreu a tragédia.

Em 8 de julho, um adolescente de 16 anos invadiu o colégio armado com uma faca e atacou alunos e uma professora. O estudante Vitor André Kungel Gambirazi, de 9 anos, morreu após ser ferido. Duas alunas e uma professora também ficaram machucadas.

Desde então, o cotidiano da escola passou por mudanças significativas. Hoje, a entrada de pessoas externas não é mais permitida — nem mesmo de pais ou visitantes. A imprensa também não pôde entrar no local durante a visita do governador Eduardo Leite, na última quinta-feira (30), quando foi entregue um plano de contingência voltado à segurança das instituições de ensino.

Rotina transformada

Do lado de fora, as alterações são visíveis. Um interfone foi instalado ao lado do portão principal, permitindo a entrada apenas de pessoas identificadas. Há um segurança fixo na portaria e pelo menos dez novas câmeras de monitoramento foram instaladas nas áreas internas e externas. O muro externo recebeu nova pintura, simbolizando o esforço de recomeço.

Um funcionário da escola, que presenciou o ataque, contou que o trauma ainda é recente, mas que a comunidade tenta seguir em frente. “Não foi fácil, mas agora, quase quatro meses depois, dá pra dizer que estou melhor. Foi um trauma grande, perdemos um pequeno. Vamos indo aos poucos”, relatou, pedindo para não ser identificado.

Na Rua André Mafessoni, onde fica o colégio, moradores dizem que o sentimento de medo foi diminuindo com o passar dos meses. “A vida precisa seguir. As crianças têm que voltar para a escola, e por aqui podemos dizer que está tudo mais tranquilo agora”, afirmou um vizinho, que também preferiu não se identificar.

Plano de contingência

Durante a visita à escola, o governador Eduardo Leite apresentou o plano de contingência, que prevê medidas de curto, médio e longo prazo para prevenir novos episódios de violência e orientar ações em caso de emergência.

À comunicação do governo do Estado, a diretora da escola, Karina Slaviero, falou sobre o processo de reconstrução emocional e institucional após o ataque. “Foi um período muito triste e difícil, mas, aos pouquinhos, as coisas vão se encaixando e a escola vai reencontrando seu caminho. O normal de antes não volta mais. O que estamos construindo agora é um novo normal, feito de cuidado, escuta e reconstrução”, afirmou.


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